Pecou por excesso de otimismo o texto “Nova redemocratização”, publicado, aqui, na antevéspera do primeiro turno (Valor, 30/9/2022). Foi produto da vã esperança de que estaria mais próximo o fim desta brutal interrupção do processo civilizador.
A contagem dos votos demonstrou, cabalmente, que permanece bem robusta a predileção da sociedade brasileira por seu lado mais tenebroso. Entre as incontáveis evidências, destaca-se a lista dos novos senadores. Em boa parte, favorecidos pela ingênua dispersão dos adversários, como os casos de Damares, escolhida por apenas 27% dos eleitores brasilienses, de Romário, por 29% dos fluminenses, ou de Moro, por menos de 34% dos paranaenses. Porém, alguns conseguiram quase a metade – como o astronauta paulista e, outros – até folgada maioria, caso da agrônoma sul-matogrossense. No total, os tenebrosos eleitos tiveram o dobro da votação dos arejados.